sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Cozinhar a Comida Ajudou a Desenvolver o Cérebro


Um artigo publicado hoje na revista científica "PNAS" dá apoio à tese de que cozinhar a comida foi determinante para o desenvolvimento do cérebro humano.

Duas pesquisadoras da UFRJ, Suzana Herculano-Houzel, colunista da Folha, e Karina Fonseca-Azevedo, mostraram que uma dieta baseada em comida crua impôs limitações energéticas aos grandes primatas, criando um "dilema" para o corpo entre o crescimento da massa corporal e o do cérebro. Isso explicaria o fato de que grandes primatas possuem corpos desproporcionalmente grandes em relação aos seus cérebros.

Ela explica que nossas habilidades mais sofisticadas não são o resultado de o "cérebro ser maior do que deveria, dado o tamanho do nosso corpo", e sim do número absoluto de neurônios --86 bilhões no cérebro humano.

Suzana já havia mostrado, em artigo científico publicado no ano passado, que acrescentar neurônios ao cérebro, aumentando o tamanho do órgão, custa ainda mais caro do que se imaginava em termos de energia.

No estudo publicado agora, as pesquisadoras desenvolveram um modelo que relaciona o número de calorias ingeridas numa dieta de comida crua à quantidade de energia necessária para o crescimento da massa corporal e do correspondente número de neurônios.

Elas conseguiram, dessa forma, estipular o número de horas que grandes primatas teriam precisado para desenvolver um corpo avantajado e um número grande de neurônios no cérebro. Mostraram, assim, que teria sido insustentável para gorilas e orangotangos, entre outros, com as horas de alimentação de que dispõem, adquirir calorias em número suficiente para tal tarefa.

As conclusões do artigo fortalecem a tese do primatologista britânico Richard Wrangham, que defende que um dos momentos mais importantes da evolução humana foi a invenção da comida cozida, mais fácil de mastigar, de digerir e de ter suas calorias absorvidas.

"Sugerimos que foi por causa de uma mudança qualitativa na alimentação que a limitação energética da nossa linhagem, que já vinha investindo em mais neurônios e menos corpo, foi contornada", acrescenta Suzana.

"Além de aumentar a capacidade calórica e tornar as limitações metabólicas prévias irrelevantes, cozinhar também teria aumentado nosso tempo disponível para atividades sociais e que demandassem maior poder cognitivo", escrevem as pesquisadoras no artigo.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br

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